sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Brasil, país Rivotril.


Venda de calmante tem alta de 36% em quatro anos no Brasil
Em 4 anos, salto foi de 36%; tranquilizante é o 2º mais vendido entre drogas com receita e só perde para anticoncepcional. Para psiquiatras, há um abuso na indicação do tarja preta clonazepam, que causa dependência e danos na memória.


A venda do ansiolítico clonazepam disparou nos últimos quatro anos no Brasil, fazendo do remédio o segundo mais comercializado- entre as vendas sob prescrição.


Entre 2006 e 2010, o número de caixinhas vendidas saltou de 13,57 milhões para 18,45 milhões, um aumento de 36%. O Rivotril domina esse mercado, respondendo por 77% das vendas em unidades (14 milhões por ano).

O levantamento foi feito pelo IMS Health, instituto que audita a indústria farmacêutica, a pedido da Folha. O tranquilizante só perde hoje para o anticoncepcional Microvlar (em média, 20 milhões de unidades por ano).
Para os psiquiatras, há um abuso na indicação desse medicamento tarja preta, que causa dependência e pode provocar sonolência, dificuldade de concentração e falhas da memória.


Eles apontam algumas hipóteses para explicar o aumento no consumo: as pessoas querem cada vez mais soluções rápidas para aliviar a ansiedade e o clonazepam é barato (R$ 10, em média).
Médicos de outras especialidades podem prescrever o ansiolítico e há falta de fiscalização das vigilâncias sanitárias no comércio da droga.


Procurada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não se manifestou sobre o assunto.
Para o psiquiatra Mauro Aranha de Lima, conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), é “evidente” que existe indicação inapropriada do remédio, especialmente por parte de médicos generalistas, não familiarizados com a saúde mental.


Muitos pacientes, segundo ele, já chegam ao consultório com queixas de ansiedade e pedindo o Rivotril. “As pessoas trabalham até tarde, chegam em casa ansiosas e querem dormir logo. Não relaxam, não se preparam para o sono. Tomar Rivotril ficou mais fácil”, diz ele, também presidente do Conselho Estadual Sobre Drogas.


Lima explica que entre as medidas adotadas pelo Cremesp para conter o abuso no uso do remédio estão cursos de educação continuada voltados a médicos generalistas.
Na sua opinião, a precariedade do atendimento de saúde mental no país também propicia o abuso do remédio.


INDICAÇÃO DE AMIGO


O psiquiatra José Carlos Zeppellini conta que recebe muitos pacientes que não tinham indicação para usar o remédio e que se tornaram dependentes da droga.


“Em geral, começaram a tomá-lo por sugestão de amigos e vizinhos, em um momento de tristeza, após terminar um namoro, por exemplo. Não é doença. Depois, não conseguem parar de tomá-lo porque têm medo de não se adaptar. É mais uma dependência psíquica do que física”, acredita ele.


Entre os usuários do Rivotril, existe um misto de glamorização e demonização em relação à droga.
Páginas no Facebook, classificadas na categoria entretenimento, tratam o Rivotril como “remedinho maravilhoso”. Outros grupos on-line, porém, discutem a dependência e os efeitos colaterais do remédio.

Dependência ocorre após 3 meses, segundo psiquiatra

O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor na Unifesp e coordenador da Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas), alerta que três meses de uso do Rivotril já são suficientes para criar uma dependência da droga. Para ele, a falta de fiscalização no comércio do remédio, o baixo preço e um possível “conluio” da indústria com o mercado poderiam explicar o sucesso do remédio no Brasil, que não se repete em outros países. A Roche, fabricante do Rivotril, informa que o remédio faz sucesso porque é eficaz e barato. Também diz que, como a droga está há muito tempo no mercado, não há ações de marketing. A seguir, trechos da entrevista à Folha:

Folha – A que o sr. atribui esse aumento do uso de Rivotril?
Ronaldo Laranjeira –
Temos uma vigilância sanitária muito falha no Brasil. Duvido que essa quantidade de prescrição seja legítima. Nos países desenvolvidos, a tendência é de diminuição dos benzodiazepínicos. A prescrição médica é mais rigorosa e fiscalizada, o que não acontece por aqui. É curioso saber também por que o Rivotril se destaca entre todos os benzodiazepínicos, coisa que não acontece lá fora.


Você tem alguma suspeita?
A gente pensa em algum conluio, em alguma colaboração da própria indústria com esse mercado ilegítimo ou cinza de venda do medicamento. Mas é só suspeita.


O fato de ser um remédio muito barato também ajuda?
Sem dúvida. A falta de controle na fiscalização e o baixo preço facilita o uso de qualquer droga. Por que no Brasil os opiáceos não são problema? Porque o controle é rigoroso e o preço é alto.


E quais os problemas reais que esse remédio causa?
Eles são hoje a principal causa de queda em idosos nos EUA. Os profissionais têm medo de prescrever e ser processados depois. Também não há indicação médica para seu uso regular. A maioria dos usuários no Brasil são crônicos, dependentes, às vezes de baixa dose. A pessoa pode ficar dependente e não necessariamente fazer uma escalada da droga. Pode usar um comprimido de Rivotril por dez, 20, 30 anos e ficar só naquela dose.

Em quanto tempo a pessoa se torna dependente
Em geral, após três meses.


E o que fazer se quiser parar?
Tem que ir diminuindo aos poucos a dose, por um período de seis semanas. Se parar de uma vez, tem risco de convulsões, de mal-estar. Mas, se a pessoa tem outros transtornos, precisa de avaliação.


Não vivo sem o meu Rivotril”, diz vendedora
Há cinco anos, a vendedora Mariana Vasconcelos do Prado, 26, não sabe o que é uma noite de sono sem o tranquilizante Rivotril. “Sei que estou dependente dele, mas não consigo largar porque me sinto muito bem”, diz ela.


Tudo começou com uma síndrome do pânico, quando ela se mudou de Atibaia (SP) para São Paulo, capital. “Tinha medo de morrer. Não dormia.”


O diagnóstico foi feito pelo psiquiatra da tia, de Pouso Alegre (MG). À época, ela recebeu a prescrição do Rivotril e do antidepressivo venlafaxina.


“Comecei com a dose de 125 mg [de venlafaxina] e hoje tomo 37,5 mg todos os dias. O psiquiatra já sugeriu que diminuíssemos a dose do Rivotril, mas não adianta”, conta.


“Não consigo dormir se eu não tomar 2 mg de Rivotril. Já entro em pânico só de pensar em ficar sem ele”, diz Mariana.


A dependência é tanta que, mesmo tomando o remédio só à noite, ela o carrega dentro da bolsa o tempo todo. “Não vivo sem o meu Rivotril. Já é uma dependência mais emocional do que física.”


Mariana passa por consulta com o psiquiatra uma vez por ano. Mas, a cada mês, o médico renova para ela as receitas dos remédios. Pelo Rivotril, ela paga R$ 8 a caixa com 30 comprimidos.

A ação do tranquilizante


ANSIEDADE
Estimula a ação de um ácido (conhecido como gaba) no cérebro, que inibe a ativação de áreas relacionadas ao medo e à ansiedade


SONO
Reforça os estágios do sono REM, que correspondem aos períodos de sonhos, mas reduz os estágios não REM. Essas fases são justamente as que restauram as atividades nos neurônios


INDICAÇÕES
Tratamento de vários transtornos mentais, como síndrome do pânico, distúrbio bipolar, depressão (usado como coadjuvante de antidepressivos). O remédio não é recomendado para aliviar tensões do cotidiano.


EFEITOS COLATERAIS
Sonolência, movimentos anormais dos olhos, movimentos involuntários dos membros, fraqueza muscular, fala mal articulada, tremor, vertigem, perda de equilíbrio, dificuldades no processo de aprendizagem e de memorização.


DEPENDÊNCIA
O tempo varia de pessoa para pessoa. Pode acontecer em um mês ou em um ano. Pacientes que tomam clonazepam não podem consumir álcool.

Relatório - Prevenção suicídio LGBTT

O relatório de consenso sobre LGBT comportamento suicida e prevenção já está disponível. Por favor, leia-se:

Um grupo de 26 investigadores de renome, médicos, educadores e especialistas em política lançaram um relatório abrangente sobre as causas subjacentes e prevalência de comportamento suicida em lésbicas, gays, bissexuais e transexuais adolescentes e adultos. O relatório será publicado como artigo principal da edição de janeiro de 2011 o Journal of Homosexuality. O artigo está disponível online e será exibida em impressas em 19 de janeiro.

Intitulado "suicídio e Risco em Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros Populações: Análise e recomendações", o relatório faz recomendações varrendo para fechar lacunas de conhecimento sobre o comportamento suicida em pessoas LGBT, e pede para fazer LGBT prevenção do suicídio uma prioridade nacional.

"Com este relatório e as recomendações, esperamos movimentar LGBT prevenção do suicídio diretamente na agenda nacional e fornecer um quadro para as acções destinadas a reduzir o comportamento suicida nessas populações", disse Ann Haas, autor e diretor de projetos de prevenção para AFSP . "É hora de o governo federal, agências de prevenção do suicídio, profissionais de saúde mental, os decisores políticos e organizações LGBT de se unir para trazer o problema para fora do armário e trabalhar em direção a soluções eficazes."

Apesar de quatro décadas de pesquisas que apontam para elevados índices de tentativas de suicídio entre as pessoas LGBT, as iniciativas nacionais de prevenção do suicídio, incluindo o 2001 Estratégia Nacional para a Prevenção do Suicídio, têm dado pouca atenção ao risco de suicídio de pessoas das minorias sexuais.
Principais conclusões e recomendações

• O relatório cita dados da investigação forte das taxas significativamente elevadas de vida relatadas tentativas de suicídio entre os adolescentes LGBT e adultos, em comparação com comparativamente-idade as pessoas heterossexuais. No entanto, os autores encontraram evidência empírica limitada dos maiores índices de mortes por suicídio nas pessoas LGBT, principalmente por causa da orientação sexual e identidade de gênero não são indicados nos registros de morte em os EUA ea maioria dos outros países.
• Apesar de vários estudos apontam para elevados índices de ansiedade, depressão e abuso de substâncias entre as minorias sexuais, o painel concluiu que estes problemas, por si só, não leva em consideração as taxas mais altas de tentativas de suicídio, que foram relatadas por pessoas LGBT. Assim, o relatório de consenso identificado o estigma ea discriminação como desempenhando um papel fundamental, especialmente atos como rejeição ou abuso por parte de membros da família ou colegas, assédio moral e, a denúncia de comunidades religiosas e discriminação individual. O relatório destacou também evidências de que leis discriminatórias e as políticas públicas têm um profundo impacto negativo sobre a saúde mental de adultos gay.
• Em uma série de recomendações, o painel de consenso sobre as organizações LGBT chamado para liderar os esforços para melhorar a identificação precoce da depressão, ansiedade, abuso de substâncias e outros transtornos mentais entre as pessoas LGBT, e empurrar para o desenvolvimento e teste de uma ampla gama de culturalmente mental adequados tratamentos de saúde e as iniciativas de prevenção do suicídio.
• O painel de consenso chamada para a revisão dos diagnósticos referentes a pessoas transexuais na 5 ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico (que deve sair em 2013) para afirmar que a identidade de gênero, expressão e comportamento que diferem do sexo de nascimento não é indicativa de um transtorno mental .
• Outras recomendações foco na melhoria da informação sobre as pessoas LGBT através da medição da orientação sexual e identidade de gênero em todos os inquéritos nacionais de saúde em que a privacidade dos entrevistados podem ser protegidos de forma adequada, e incentivar os pesquisadores para incluir estas medidas em estudos de população em geral relacionados ao suicídio e à saúde mental.
AFSP liderou o desenvolvimento do presente relatório, que surgiu a partir de uma conferência de consenso sobre LGBT risco de suicídio patrocinado pela Fundação, a Médica gay e lésbica de Associação e do Suicide Prevention Resource Center. O relatório é parte do esforço de prevenção do suicídio AFSP LGBT, que é financiado por uma doação da família de Johnson Foundation. Para saber mais, acesse www.afsp.org / lgbt.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Entidade americana investe na prevenção do suicídio de jovens LGBT

Estudantes apontam que um jovem LGBT tem sete vezes mais probabilidade de cometer suicídio.


A National Action Alliance for Suicide Prevention – entidade americana no combate ao suicídio – anunciou na última quinta-feira, dia 30, a criação de uma nova força-tarefa para ajudar na prevenção do suicídio de jovens LGBT do país.


Entidade cria força-tarefa para prevenir o suicídio de jovens LGBT (Foto: iStockphoto.com/Jorge Kroh)
“Essa força-tarefa reunirá as melhores cabeças do país para combater o suicídio e garantir que todos jovens LGBT tenham a oportunidade de crescerem em uma comunidade de apoio e entrarem na idade adulta com segurança”, revelou Charles Robbins, diretor executivo da ONG LGBT Trevor Project e atual dirigente da nova força-tarefa ao lado de Kevin Jennings, diretor do Departamento de Educação e Escolas Sem Drogas dos Estados Unidos.

O aumento dos suicídios de jovens LGBT nos Estados Unidos ganhou destaque na mídia mundial em 2010. Estudos apontam que a probabilidade de um adolescente homo, bi ou transexual se suicidar pode ser sete vezes maior do que a de um heterossexual.