sábado, 11 de setembro de 2010

Suicídios e depressão custaram US$ 32 bilhões ao Japão

O governo do Japão disse que suicídios e depressão custaram quase US$ 32 bilhões à economia do país em 2009.

Os números, baseados em um levantamento nacional, somam custos como renda perdida, tratamentos e benefícios sociais. É a primeira vez que o país divulga esse tipo de dado.

O Japão tem um dos índices de suicídio mais altos do mundo - no ano passado, mais de 32 mil pessoas se mataram.

Autoridades dizem que entre as principais causas para depressão e suicídios estão perda de emprego e má situação financeira.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, vê nos números um sinal de tempos ruins, tanto econômica como emocionalmente. Seu governo está criando uma força tarefa para tentar reduzir esses índices.

A partir de sexta-feira, um vídeo com um astro do futebol japonês pedindo às pessoas que fiquem mais atentas ao problema será exibido no site do governo.

Renda perdida
"Uma vez que o número de suicídios no Japão foi superior a 30 mil por 12 anos, o problema que precisa ser enfrentado por toda a nação", disse um representante do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.

"Esperamos que esse estudo leve a medidas de prevenção mais fortes".

O levantamento mostrou que se as pessoas que cometeram suicídio no país no ano passado - 26.500 pessoas com idades entre 15 e 69 anos - tivessem trabalhado até o momento de se aposentar, teriam ganho 1,9 trilhão de ienes (US$ 22,5 bilhões).

Entre os outros custos incluídos no cálculo estão os salários perdidos por pessoas que deixaram de trabalhar por causa de depressão (de US$ 1,9 bilhão), o salário-desemprego pago a essas pessoas, o tratamento médico e outros benefícios sociais.

O premiê Naoto Kan disse que os índices de suicídio são prova daquilo que, segundo ele, está errado com o país: muitas pessoas sofrendo economicamente e emocionalmente.

"Há muitas causas para suicídios. Diminuí-las seria uma forma de construir uma sociedade com um nível mínimo de infelicidade", ele disse.

Mas as atitudes em relação à depressão no Japão também requerem atenção urgente, dizem correspondentes.

Em um país onde estoicismo e consenso são altamente valorizados, muitas pessoas, em particular os mais velhos, veem a doença mental como um problema que pode ser superado se a pessoa se esforçar mais.

Segundo os correspondentes, o uso de psicoterapia para tratar depressão fica bem atrás dos índices praticados na América do Norte e na Europa e médicos japoneses tendem a considerar remédios a única resposta para o problema.