quarta-feira, 14 de julho de 2010

VIolência Doméstica pode culminar em Suicídio

Electricista espancava a mulher. Anteontem, em Cascais, sequestrou-a durante horas e matou-a. Antes alvejou dois agentes da PSP. Por fim matou-se.

Anos de agressões e maus tratos terminaram na noite de anteontem com a morte de uma mulher e do seu marido, para além de se terem registado ferimentos a tiro em dois agentes da PSP. Foi em Alapraia, concelho de Cascais, que um homem acabou por se suicidar, depois de matar a mulher a tiro e de alvejar, sem gravidade, dois agentes da PSP que tentavam pôr fim a um sequestro de horas.

Tudo terá começado durante a tarde, quando o homem, um electricista de 53 anos, repetindo uma prática antiga, terá espancado a mulher, de 49. Esta terá sido encontrada por uma conhecida, deitada sobre a cama e com diversas escoriações, pedindo às escondidas do marido para que a polícia fosse alertada.

Pelas 20h45 chegaram ao local, na Rua Silva Lobo, alguns agentes da PSP de Cascais que, porém, não conseguiram entrar em casa. O electricista, instado a abrir a porta, mais não fez do que disparar alguns tiros contra os polícias, alvejando um numa axila e outro, de raspão, na face, próximo de um olho. Provocou ainda danos num carro da polícia e numa viatura civil que se encontravam na zona. Com o passar das horas, e porque o homem teimasse em não abrir a porta e em não deixar sair a mulher, os agentes de Cascais solicitaram a intervenção da Unidade Especial de Polícia, cujos efectivos não efectuaram qualquer disparo. Isto porque quando arrombaram a porta da casa, que entretanto fora incendiada, já só encontraram caídos, e com ferimentos de bala, a mulher e o marido.

Extinto o incêndio, foram encontrados um revólver e diversas munições, uma carabina com mira telescópica e uma arma de alarme. O caso está nas mãos da Polícia Judiciária.

84 queixas por dia

A violência doméstica continua a justificar um número elevado de pedidos de intervenção policial. Todos os dias há 84 mulheres portuguesas que apresentam queixa na polícia em consequência de agressões praticadas pelos maridos, namorados ou companheiros.

Em 2009 foram assassinadas em Portugal, na sequência de crimes classificados como violência doméstica, 29 mulheres, ao passo que outras 28 foram alvo de tentativas de homicídio.

As participações anuais relativas à violência doméstica aumentaram em média, desde 2000 e até ao ano passado, em mais de 11 por cento. Tal não significa que este crime esteja a aumentar, mas é um indicador claro de que as mulheres estão a perder a vergonha de denunciar as agressões de que são alvo e a dirigir-se cada vez mais às polícias e às instituições que acompanham estes casos.

Os números de violência doméstica compilados pelo Observatório de Mulheres Assassinadas foram ontem comentados pela secretária de Estado para a Igualdade, Elza Pais, a qual salientou que existem, em todo o país, 544 projectos de combate a este tipo de crime.

A responsável governamental salientou que no próximo ano irá arrancar um plano nacional que compreenderá, de forma articulada, projectos de prevenção, de protecção às vítimas e de condenação dos agressores.

http://www.publico.pt/Local/anos-de-violencia-domestica-culminam-com-homicidio-suicidio-e-dois-policias-feridos_1446673

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