sábado, 26 de junho de 2010

Justiça alemã declara legal o suicídio assistido

Corte inocentou advogado que aconselhara cliente a interromper alimentação da mãe em coma

A mais alta corte criminal da Alemanha emitiu uma sentença histórica nesta sexta-feira, 25, legalizando o suicídio assistido nos casos em que a morte ocorre com base em um pedido prévio do paciente.
A decisão veio quando a corte derrubou a condenação de um advogado que havia aconselhado sua cliente, em 2007, a interromper a alimentação artificial da mãe, que se encontrava em coma há anos.
Uma instância inferior havia condenado o advogado Wolfgang Putz por tentativa de homicídio e ele tinha recebido uma sentença suspensa de nove meses de prisão.
A corte federal determinou que a mulher, de 71 anos, havia dito em 2002, antes de entrar em coma, que não gostaria de ser mantida viva nesse tipo de circunstância.
A ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, saudou a decisão, como um passo importante no respeito às escolhas do indivíduo.
"Não pode haver tratamento forçado contra a vontade da pessoa", disse ela, em nota.
"Trata-se do direito à autodeterminação e, portanto, uma questão de uma vida com dignidade humana até o fim".
A Alemanha havia tomado medidas para clarificar a situação legal do suicídio assistido no ano passado.
O Parlamento aprovou uma lei que tornou obrigatório o cumprimento pelos médicos dos desejos expressos pelos pacientes sobre o uso de tratamentos de prolongamento da vida após acidentes ou em caso de doença terminal.
Mas a decisão judicial desta sexta legaliza a prestação de auxílio para pôr fim à vida de uma pessoa, além de simplesmente deixá-la morrer.
No caso em consideração, a mulher de 71 anos entrou em coma depois e sofrer uma hemorragia cerebral, em outubro de 2002.
Confinada a uma casa de repouso, ela foi alimentada por tubos por cinco anos.
"Uma melhora em seu estado de saúde não era mais esperado", disse a decisão judicial. Mas a casa de repouso recusou-se a deixar a mulher morrer.
No fim, a filha da mulher cortou o tubo de alimentação, depois de ser aconselhada pelo advogado, com o próprio advogado e o irmão como testemunhas.
Os médicos reinstalaram o tubo, mas a mulher morreu duas semanas mais tarde, "de causas naturais", disse o tribunal.
O tribunal de primeira instância absolveu a mulher, porque ela estava seguindo o conselho do advogado, mas ele acabou condenado.
Os nomes da mulher idosa e da filha não foram divulgados.

Fonte: Associated Press - 25/06/10

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Doenças mentais e suicídios entre militares e policiais

Um artigo publicado no Army Times afirma que o suicídio de militares (inclusive já reformados) representa 20% do total de suicídios nos Estados Unidos. Como os militares representam muito menos do que 20% da população total, as taxas de suicídio entre militares é mais alta do que na população.
Dados de outro tipo confirmam que o problema é sério. Em 2009 houve 98 suicídios e 1868 tentativas. Só em janeiro deste ano houve 24! É um problema tão sério, diz a revista, que o número de suicídios é muito maior do que os dos mortos em combate.
Outro tipo de pesquisa revela que os problemas mentais aparecem depois de 6-7 meses de experiência com a guerra. Crescem os indicadores de depressão, de PTSD e outros. Esses problemas, com freqüência, co-variam com os problemas interpessoais. As famílias dos militares também pagam um preço elevado pela guerra, e as separações e os divórcios crescem.
No Brasil, há observações assistemáticas a respeito do suicídio nas FFAAs e nas polícias. Os policiais têm altas taxas de suicídio mundo afora.
As FFAA's americanas levam a auto-violência em sério e empregam psicólogos e psiquiatras, sendo que vários oficiais fazem uma especialização ou pós-graduação nessas áreas. Estudam e pesquisam o problema e dispõem de facilidades médicas especializadas.
No Brasil, infelizmente, esse tema é tabu – pelo menos nas polícias. Pesquisadores são barrados e o tema é considerado perigoso. Contudo, os problemas não são resolvidos através da negação da sua existência. Há militares e policiais sofrendo e, pelo menos no caso de policiais e suas famílias, ainda devem enfrentar o estresse adicional das constantes críticas. Mas a postura, em vários estados, é obscurantista, não faltando os que relacionam problemas mentais, como a depressão, à insuficiência da masculinidade.
Ainda temos um longo caminho a percorrer.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Investigação de suicídios em fábrica de iPhone será pública, diz China


País investiga oficialmente os 10 suicídios de funcionários da Foxconn.
Para governo, causas são mais complexas do que más condições de trabalho.


A China vai divulgar os resultados de uma investigação oficial sobre os recentes suicídios ocorridos na grande fábrica de eletrônicos da Foxconn, no sul do país, afirmou um representante do governo para o trabalho.

Zhang Xiaojian, vice-ministro de Recursos Humanos e Seguridade Social, também afirmou que recentes episódios de greves em fábricas detidas por estrangeiros no pólo de exportação no sul da China não representam uma "onda" de revoltas, publicou o "Beijing News", no domingo.

Uma série de 10 suicídios este ano no complexo da Foxconn iniciou uma investigação sobre a Hon Hai Precision Industry, controladora da Foxconn, companhia que produz o iPhone e outros produtos da Apple e que também possui entre seus clientes a Dell e a Hewlett-Packard.

Zhang afirmou que os resultados da investigação do governo sobre os suicídios serão eventualmente "divulgados ao público".

Há problemas de administração, problemas psicológicos dos jovens trabalhadores"
Zhang Xiaojian

Ele indicou que o governo não está tratando o caso dos suicídios como um simples resultado de condições estressantes de trabalho nas fábricas da Foxconn perto de Shenzhen, onde a empresa tem cerca de 400 mil funcionários.

Famílias de operários que se mataram e outros críticos têm afirmado que jornadas de longas horas e métodos duros de administração estão por trás dos suicídios.

"Os incidentes na Foxconn não são apenas uma questão de relações trabalhistas, há múltiplas causas", publicou o jornal citando Zhang.

"Há problemas de administração, problemas psicológicos dos jovens trabalhadores", acrescentou. "Isso foi causado por múltiplos fatores."

Os 10 suicídios e as duas tentativas de suicídio nas instalações da Foxconn foram seguidos por greves em outras fábricas da província de Guangdong, no sul da China, e em outras partes do país.

Zhang minimizou a chance de que a China esteja enfrentando uma "onda" de protestos trabalhistas e afirmou que é "muito normal" que os trabalhadores façam exigências, disse ele ao "Beijing News".

A Foxconn está promovendo um grande processo de recrutamento de novos funcionários para suas fábricas em outras partes da China, incluindo Chongqing, no sudoeste do país, e Tianjin, cidade portuária no norte, segundo a mídia de Hong Kong.

Uma porta-voz da Foxconn informou que a mudança em parte da produção e de empregos para fábricas fora de Guangdong estava planejada há tempos, publicou o jornal "Ming Pao".

Risco de Suicídio: Mulheres Jovens.


Mulheres jovens, solteiras, com menos anos de educação ou dificuldade de controlar impulsos são o grupo mais comum entre as pessoas que pensam em suicidar-se ou tentam o suicídio, revelou uma pesquisa coordenada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
O estudo, o mais amplo já realizado sobre o tema, foi realizado com quase 85 mil entrevistados em 17 países e publicado na edição de fevereiro do British Journal of Psychiatry.
Em média, 9,2% dos entrevistados disseram ter pensado seriamente em suicidar-se e 2,7% afirmaram ter tentado pôr fim à própria vida em algum momento. Das pessoas que pensaram em cometer suicídio, 29% chegaram a tentar, segundo a pesquisa.
“Nossa pesquisa sugere que pensar em suicídio e se comportar como suicida são mais comuns que se pensa. E os principais fatores de risco para esses comportamentos são bastante consistentes em diversos países no mundo”, disse o coordenador do projeto, o professor de Psicologia da Faculdade de Artes e Ciências em Harvard, Matthew Nock.
As estatísticas variaram de país para país – a ocorrência de pensamentos suicidas, por exemplo, ficou entre 3,1% na China e 15,9% na Nova Zelândia – mas os pesquisadores atribuíram esta diferença a “padrões culturais” que podem ter influído na decisão dos entrevistados de manter sigilo sobre as intenções suicidas.

Impulsividade

O estudo revelou que a impulsividade é um fator crucial para diferenciar entre as pessoas que apenas pensam em suicídio e as que de fato tentam levá-lo a cabo.
Das que pensam em acabar com a própria vida, as taxas mais altas de tentativas não foram registradas entre as pessoas com depressão ou outros problemas de variações drásticas de humor, mas sim entre aquelas que abusavam do consumo de drogas ou apresentavam desordem no controle de impulsos.
Os fatores de risco incluíram mulheres jovens – sobretudo adolescentes ou no início da vida adulta –, solteiras, com menos anos de educação formal e dificuldade de controlar seus impulsos.
“Em geral, achamos que os pensamentos e comportamentos suicidas ocorrem mais em pessoas que estão deprimidas. Mas em todos os países, descobrimos que não é apenas a depressão que aumenta o risco de comportamento suicida. Problemas de controle de impulso, de uso de substâncias e de ansiedade estão muito mais associados ao risco de pensamentos e tentativas de suicídio”, disse Nock.
Os dados foram coletados na Nigéria, África do Sul, Colômbia, México, Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, China, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Ucrânia, Israel e Líbano.

Fonte: BBC Brasil.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Comportamento suicida Infantil

Durante o período da separação dos pais, uma criança de 5 anos começou a se mostrar excessivamente irritada em sala de aula e em casa. Ela revelava desinteresse total por tarefas escolares e chorava toda vez que era deixada na escola. Sob forte estresse, ela tentou suicídio: ameaçou pular do quinto andar do prédio onde mora, mas foi contida a tempo pela babá. A história assustadora foi um dos relatos ouvidos pelo psicólogo e educador Wagner Bandeira Andriola que, entre 1996 e 1997, avaliou 345 alunos de pré-escola de Fortaleza (CE) com idade média de 5,6 anos. Ele avaliou que 3,9% deles apresentavam grandes chances de desenvolver depressão infantil. “Ela se dá pela exposição precoce da criança a situações de elevado estresse, tais como a separação brusca dos pais, a mudança repentina de cidade ou de bairro, a perda de um ente querido da família ou muito próximo a esta, a pouca interação entre pais e criança e a dinâmica familiar do trabalho excessivo, resultado da ausência ou distanciamento dos pais em relação à criança. E há ainda o lado biológico, pois pode haver uma predisposição genética”, explica. Segundo ele, não há uma idade a partir da qual surgem os sintomas da depressão infantil, mas existem relatos do transtorno em crianças de cerca de 2 anos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Preconceito dificulta discussão sobre suicídio

Como parte das comemorações pelos 110 anos da Fiocruz, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) promoveu, no dia 25/5, o seminário “Suicídio na Imprensa: entre informação, prevenção e omissão”, que contou com a participação de especilistas no assunto e profissionais de imprensa. Foram convidados para a discussão o editor de Saúde do jornal O Globo, Antônio Marinho; o jornalista e professor da PUC-Rio, Arthur Dapieve; o pesquisador e coordenador do Grupo de pesquisa de prevenção do suicídio do Icict, Carlos Eduardo Estellita-Lins; a editora de Saúde do jornal Extra, Flávia Junqueira e o professor da Unicamp e presidente da Comissão de prevenção do suicídio, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Neury José Botega, reconhecido como um dos mais proeminentes pesquisadores sobre o tema no país.

O diretor do Icict, Umberto Trigueiros, deu início às discussões e ressaltou a importância da abordagem do tema para o instituto. Para ele, a iniciativa abre um leque para se trabalhar a informação e a comunicação no que diz respeito a todo sofrimento humano, ao entrelaçar o olhar da sociedade com o olhar da mídia. “Isso é algo que estamos construindo ao longo do tempo. Temos um 'Observatório de Saúde na Mídia', que investigou, inicialmente, a epidemia de dengue e, hoje, pesquisa outros temas. Daqui a um tempo, o suicídio também poderá ser incorporado ao catálogo de informações e assim poderemos trabalhar do ponto de vista acadêmico, de formação e de programas de saúde”, afirmou.
O jornalista e professor Arthur Dapieve falou sobre sua dissertação de mestrado apresentada em 2006 na PUC-Rio, na qual analisou o que foi publicado no jornal O Globo sobre suicídio, em 2004. A pesquisa revelou que, dentre as 142 matérias publicadas durante o ano de 2004, quase a metade falava sobre a morte (suicídio) de Getúlio Vargas, que completava 50 anos. O jornalista acredita que esse fato pode ter inflado o número de matérias sobre suicídio. Outros resultados apontaram 29 menções sobre atentados terroristas. “O mais curioso nisso tudo é que neste tipo de matéria (ato terrorista), às vezes, o suicida sequer era contabilizado entre as vítimas”, salientou.
Para Dapieve, além da divulgação e abordagem do suicídio na imprensa, outro problema é a subnotificação dos casos na imprensa. Segundo ele, as estatísticas do Ministério da Saúde sobre suicídios em 2004 apontaram 96 casos, enquanto que os jornais haviam registrado apenas um. “A imprensa realmente tem preconceito em divulgar notícias sobre suicídio, mas deve-se lembrar que os preconceitos da sociedade também se refletem nas práticas do jornalismo. Acredito que romantizar os suicídios não ajuda muito, mas também não noticiá-los é um problema sério. O que devemos buscar é um equilíbrio entre esses dois pilares”, explicou.
O pesquisador e coordenador do Grupo de pesquisa de prevenção do suicídio do Icict, Carlos Eduardo Estellita-Lins, ressaltou que o debate sobre suicídio está situado em um entrecruzamento de posturas e atitudes. Para ele, a divulgação dos meios de se cometer o suicídio e a omissão de fatos são problemas graves que envolvem a questão. “Deve-se lembrar que a omissão também é o falar demais, a fala descontextualizada, não somente o silêncio”, ponderou.

O editor de Saúde do jornal O Globo, Antônio Marinho, revelou que há como se fosse uma lenda dentro das redações em relação à divulgação de notícias de suicídio. “Não é porque não queremos falar, é porque não tratamos do assunto, de fato. Aí eu pergunto, mas quem inventou isso? Ninguém. É uma coisa que está meio definida”, explicou. “No jornal, falamos do assunto quando há um ataque suicida, normalmente na editoria Internacional, ou quando há uma caso de eutanásia, mas não se discute o porquê do ato”, completou. Para o jornalista, a mídia precisa aprender a discutir o tema, porque na verdade nunca houve uma tentativa.

Já Flávia Junqueira, do jornal Extra, revelou que quando se aborda o suicídio é muito mais pelo estrago que o ato causou do que pela discussão do motivo. Outro fator apontado pela jornalista é que a linha editorial do jornal pode decidir sobre a divulgação, ou não, de notícias sobre suicídio . “No Extra, como se trata de um jornal popular, procuramos apontar o viés positivo das notícias. Então, falar de suicídio se torna complicado”, revelou.
Por fim, o professor da Unicamp e presidente da Comissão de prevenção do suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Neury José Botega, fez uma apresentação com base nos dados do Sistema de Informações de Mortalidade do DataSUS, do ano de 2008. De acordo com Botega, foram notificados mais de 9 mil casos de suicídios no Brasil naquele ano, o que corresponde a quase 25 mortes por dia. O pesquisador explicou que deve-se tomar cuidado ao se falar sobre o número de casos, pois em saúde pública se trabalha com coeficientes para cada 100 mil habitantes ao longo de um ano.
“No que diz respeito a suicídios, é um número pequeno em escala mundial. Por outro lado, como o Brasil é um país muito populoso, mesmo coeficientes relativamente pequenos produzem um número de mortes considerável”. Botega também ressaltou o problema da subnotificação de casos. Segundo ele, os números registrados oficialmente podem variar e estima-se que este número seja 20% maior do que o oficial.
De acordo com o pesquisador, algumas intervenções podem ser realizadas, como campanhas de conscientização da população em geral e também campanhas voltadas para grupos de risco (pessoas que sofrem de doenças mentais). Como exemplo, Botega citou um manual lançado pelo Ministério da Saúde voltado para profissionais das equipes de saúde mental e também um manual da ABP voltado para profissionais de imprensa. Neste sentido, o pesquisador acredita que nenhum país, por mais evoluído e desenvolvido, consegue, de imediato, sanear a população do suicídio, mas muitas pessoas que estão sob o risco de cometer o suicídio podem e devem receber ajuda.

PUBLICADA EM: 25.06.2010

sábado, 5 de junho de 2010

Índia:Onda de suicídio adolescente assusta autoridadesem Mumbai

01.02.2010

O clima no pequeno apartamento de Mumbai onde Neha Sawant vivia é sombrio desde que a adolescente de 11 anos foi encontrada enforcada em uma corda presa pela janela. Isso já faz várias semanas, mas seus pais ainda não superaram o choque. Eles parecem confusos e cansados.
A avó de Neha, ainda perplexa, diz em uma voz embargada: "Nossos cérebros não estão funcionando. Ainda não podemos acreditar nisso".
Aos 11 anos, Neha é uma das adolescentes mais jovens a cometer suicídio em Mumbai. Mas as estatísticas sugerem que mais e mais adolescentes estão se matando na cidade, que é o centro financeiro da Índia.
Ocorrência diária
Inexplicavelmente, os suicídios de adolescentes se tornaram quase uma ocorrência diária no Estado de Maharashtra - um dos mais desenvolvidos do país - e em sua capital, Mumbai.
O total de suicídios de adolescentes desde o começo do ano até o dia 26 de janeiro já era de 32, numa média de mais de um por dia.
Apesar de não haver nenhum dado do mesmo período em 2009 para comparação, há um consenso entre as autoridades preocupadas de Mumbai de que os suicídios de adolescentes estejam saindo de controle.
Também há um entendimento geral entre psicólogos e professores de que a principal razão para o alto número de mortes de adolescentes é a crescente pressão sobre as crianças para que se saiam bem nos exames escolares.
Mais de 100 mil pessoas cometem suicídio todos os anos na Índia, e três pessoas por dia tiram suas próprias vidas em Mumbai.
O suicídio é uma das três principais causas de morte entre as pessoas de 15 a 35 anos e tem um impacto psicológico, social e financeiro devastador sobre as famílias e os amigos.
Campanha
A diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Catherine Le Gals-Camus, observa que mais gente morre por conta de suicídio em todo o mundo do que por todos os homicídios e guerras combinadas.
"Há uma necessidade urgente de uma ação global coordenada e intensificada para prevenir essas mortes desnecessárias. Para cada morte por suicídio há um grande número de familiares e amigos cujas vidas são devastadas emocionalmente, socialmente e economicamente", diz ela.
Em Mumbai, as autoridades estão tão alarmadas com o tamanho do problema que começaram uma campanha, com o slogan "A Vida é Bela", visando ajudar os estudantes a lidar com a pressão acadêmica.
Psicólogos visitam escolas públicas em Mumbai uma vez por semana para treinar professores que lidam com problemas dos estudantes.
Reuniões
A escola Sharadashram Vidyamandir conta com vários ex-alunos ilustres no país, como os ex-jogadores de críquete da seleção indiana Sachin Tendulkar e Vinod Kambli.
A escola vem promovendo reuniões de pais e mestres nas quais os pais podem receber dicas de como combater as pressões que as crianças enfrentam.
Apesar disso, as sessões não preveniram a morte de Shushant Patil, de 12 anos. Ele foi encontrado enforcado num banheiro da escola no dia 5 de janeiro.
Mangala Kulkarni é diretora da ala feminina da escola. Ela diz que as famílias precisam adotar uma postura mais ativa quando se trata de evitar que os estudantes se sintam estressados.
"As crianças não percebem que elas têm mais caminhos do que apenas o sucesso acadêmico. Elas precisam ser levadas a perceber isso por suas famílias desde a infância", diz.
Um serviço telefônico de ajuda em Mumbai, chamado Aasra, vem operando há vários anos para tentar combater o problema.
O diretor do serviço, Johnson Thomas, diz que os problemas que as crianças enfrentam hoje têm várias facetas.
"Elas enfrentam pressão dos colegas, têm problemas de comunicação com seus pais, relacionamentos desfeitos, pressão acadêmica e medo do fracasso", afirma.
O Ministério do Interior estima que para cada suicídio de adolescente em Mumbai há 13 tentativas.
CinemaUma teoria por trás do recente aumento dos suicídios é a influência do lançamento recente de um filme de grande sucesso do cinema indiano, 3 Idiots (Três Idiotas), que tem uma cena na qual um estudante de engenharia é mostrado cometendo suicídio após um resultado medíocre nas provas.
O impacto do filme tem sido debatido e analisado em programas de televisão em horário nobre, com muitos especialistas acusando-o diretamente pelo problema.
Mas a psicóloga Rhea Timbekar, de Mumbai, argumenta que seria errado culpar o filme, o qual ela diz que se esforça para explicar que os pais não deveriam pôr muita pressão sobre seus filhos.
Timbekar diz que ela recentemente encontrou uma criança que não havia comido por quatro dias.
Os pais da criança disseram que estavam bravos com o filho porque ele tinha obtido apenas uma nota de 89% nos exames e era o terceiro aluno da classe, não mais o primeiro como nos anos anteriores.
"Pais assim precisam receber aconselhamento", defende ela.
Timbekar diz que outra explicação para o alto índice de suicídios de adolescentes é o fato de muitas crianças lerem sobre histórias de suicídios nos jornais e decidirem tentar a mesma coisa elas mesmas.
Explicação simplista
Dilip Panicker, um conhecido psicólogo de Mumbai, diz porém que somente a pressão dos exames é uma explicação muito simplista para o problema.
"Em um certo nível, as pressões da escola e as expectativas dos pais são uma razão válida, mas elas sempre existiram", ele diz.
"Na verdade, os pais costumavam bater nos filhos na nossa época. O que mudou é que hoje as crianças estão mais atentas, têm mais exposição. Elas são mais independentes. Então, elas se culpam pelo fracasso e tomam atitudes extremas", afirma.
Alguns psicólogos argumentam ainda que a definição de adolescente precisa ser revista em 2010.
"O que fazíamos aos 14 ou 15 anos, as crianças de 11 estão fazendo hoje", diz Rhea Timbekar.
Ela destrói a teoria de que as crianças são mais espontâneas ao cometer suicídio, ao contrário dos adultos que começariam com uma ideia, desenvolveriam um plano e terminariam com uma ação.
"Uma criança não acorda simplesmente numa manhã e decide que vai se matar naquele dia", ela argumenta. "Alguma coisa se perdeu nas suas vidas muito antes, e os suicídios são uma manifestação disso."
O declínio do sistema familiar tradicional da Índia também está sendo responsabilizado pelo problema.
Em uma cidade como Mumbai, onde é comum que ambos os pais trabalhem, as crianças tendem a se tornar reclusas e a passar muito tempo diante da televisão.
Para Dilip Panicker, há uma solução simples para o problema. "Se os pais amarem os filhos incondicionalmente, com todos os seus sucessos e fracassos, o problema poderia ser reduzido consideravelmente", diz.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br

TRABALHO X SUICÍDIO

Psiquiatra, psicanalista e professor no Conservatoire National des Arts et Métiers, em Paris, Christophe Dejours dirige ali o Laboratório de Psicologia do Trabalho e da Acção – uma das raras equipas no mundo que estuda a relação entre trabalho e doença mental. Esteve há dias em Lisboa, onde, de gravata amarela, cabeleira “à Beethoven” e olhos risonhos a espreitar por detrás de pequenos óculos de massa redondos, falou do sofrimento no trabalho. Não apenas do sofrimento enquanto gerador de patologias mentais ou de esgotamentos, mas sobretudo enquanto base para a realização pessoal. Não há “trabalho vivo” sem sofrimento, sem afecto, sem envolvimento pessoal, explicou. É o sofrimento que mobiliza a inteligência e guia a intuição no trabalho, que permite chegar à solução que se procura. Claro que no outro extremo da escala, nas condições de injustiça ou de assédio que hoje em dia se vivem por vezes nas empresas, há um tipo de sofrimento no trabalho que conduz ao isolamento, ao desespero, à depressão.

No seu último livro, publicado há uns meses em França e intitulado Suicide et Travail: Que Faire? , Dejours aborda especificamente a questão do suicídio no trabalho, que se tornou muito mediática com a vaga de suicídios que se verificou recentemente na France Télécom.Depois da conferência, o médico e cientista falou com o P2 sobre as causas laborais desses gestos extremos, trágicos e irreversíveis.

Mais geralmente, explicou-nos como a destruição pelos gestores dos elos sociais no trabalho nos fragiliza a todos perante a doença mental.

ENTREVISTA


O suicídio ligado ao trabalho é um fenómeno novo?

O que é muito novo é a emergência de suicídios e de tentativas de suicídio no próprio local de trabalho. Apareceu em França há apenas 12, 13 anos. E não só em França – as primeiras investigações foram feitas na Bélgica, nas linhas de montagem de automóveis alemães. É um fenómeno que atinge todos os países ocidentais. O facto de as pessoas irem suicidar-se no local de trabalho tem obviamente um significado. É uma mensagem extremamente brutal, a pior do que se possa imaginar – mas não é uma chantagem, porque essas pessoas não ganham nada com o seu suicídio. É dirigida à comunidade de trabalho, aos colegas, ao chefe, aos subalternos, à empresa. Toda a questão reside em descodificar essa mensagem.

Afecta certas categorias de trabalhadores mais do que outras?

Na minha experiência, há suicídios em todas as categorias – nas linhas de montagem, entre os quadros superiores das telecomunicações, entre os bancários, nos trabalhadores dos serviços, nas actividades industriais, na agricultura. No passado, não havia suicídios ligados ao trabalho na indústria. Eram os agricultores que se suicidavam por causa do trabalho – os assalariados agrícolas e os pequenos proprietários cuja actividade tinha sido destruída pela concorrência das grandes explorações. Ainda há suicídios no mundo agrícola.

O que é que mudou nas empresas?

A organização do trabalho. Para nós, clínicos, o que mudou foram principalmente três coisas: a introdução de novos métodos de avaliação do trabalho, em particular a avaliação individual do desempenho; a introdução de técnicas ligadas à chamada “qualidade total”; e o outsourcing, que tornou o trabalho mais precário. A avaliação individual é uma técnica extremamente poderosa que modificou totalmente o mundo do trabalho, porque pôs em concorrência os serviços, as empresas, as sucursais – e também os indivíduos. E se estiver associada quer a prémios ou promoções, quer a ameaças em relação à manutenção do emprego, isso gera o medo. E como as pessoas estão agora a competir entre elas, o êxito dos colegas constitui uma ameaça, altera profundamente as relações no trabalho: “O que quero é que os outros não consigam fazer bem o seu trabalho.” Muito rapidamente, as pessoas aprendem a sonegar informação, a fazer circular boatos e, aos poucos, todos os elos que existiam até aí – a atenção aos outros, a consideração, a ajuda mútua – acabam por ser destruídos. As pessoas já não se falam, já não olham umas para as outras. E quando uma delas é vítima de uma injustiça, quando é escolhida como alvo de um assédio, ninguém se mexe…

Mas o assédio no trabalho é novo?

Não, mas a diferença é que, antes, as pessoas não adoeciam. O que mudou não foi o assédio, o que mudou é que as solidariedades desapareceram. Quando alguém era assediado, beneficiava do olhar dos outros, da ajuda dos outros, ou simplesmente do testemunho dos outros. Agora estão sós perante o assediador – é isso que é particularmente difícil de suportar. O mais difícil em tudo isto não é o facto de ser assediado, mas o facto de viver uma traição – a traição dos outros. Descobrimos de repente que as pessoas com quem trabalhamos há anos são cobardes, que se recusam a testemunhar, que nos evitam, que não querem falar connosco. Aí é que se torna difícil sair do poço, sobretudo para os que gostam do seu trabalho, para os mais envolvidos profissionalmente. Muitas vezes, a empresa pediu-lhes sacrifícios importantes, em termos de sobrecarga de trabalho, de ritmo de trabalho, de objectivos a atingir. E até lhes pode ter pedido (o que é algo de relativamente novo) para fazerem coisas que vão contra a sua ética de trabalho, que moralmente desaprovam.

Qual é o perfil das pessoas que são alvo de assédio?

São justamente pessoas que acreditam no seu trabalho, que estão envolvidas e que, quando começam a ser censuradas de forma injusta, são muito vulneráveis. Por outro lado, são frequentemente pessoas muito honestas e algo ingénuas. Portanto, quando lhes pedem coisas que vão contra as regras da profissão, contra a lei e os regulamentos, contra o código do trabalho, recusam-se a fazê-las. Por exemplo, recusam-se a assinar um balanço contabilista manipulado. E em vez de ficarem caladas, dizem-no bem alto. Os colegas não dizem nada, já perceberam há muito tempo como as coisas funcionam na empresa, já há muito que desviaram o olhar. Toda a gente é cúmplice. Mas o tipo empenhado, honesto e algo ingénuo continua a falar. Não devia ter insistido. E como falou à frente de todos, torna-se um alvo. O chefe vai mostrar a todos quão impensável é dizer abertamente coisas que não devem aparecer nos relatórios de actividade.
Um único caso de assédio tem um efeito extremamente potente sobre toda a comunidade de uma empresa. Uma mulher está a ser assediada e vai ser destruída, uma situação de uma total injustiça; ninguém se mexe, mas todos ficam ainda com mais medo do que antes. O medo instala-se. Com um único assédio, consegue-se dominar o colectivo de trabalho todo. Por isso, é importante, ao contrário do que se diz, que o assédio seja bem visível para todos. Há técnicas que são ensinadas, que fazem parte da formação em matéria de assédio, com psicólogos a fazer essa formação.

Uma formação para o assédio?

Exactamente. Há estágios para aprenderem essas técnicas. Posso contar, por exemplo, o caso de um estágio de formação em França em que, no início, cada um dos 15 participantes, todos eles quadros superiores, recebeu um gatinho. O estágio durou uma semana e, durante essa semana, cada participante tinha de tomar conta do seu gatinho. Como é óbvio, as pessoas afeiçoaram-se ao seu gato, cada um falava do seu gato durante as reuniões, etc.. E, no fim do estágio, o director do estágio deu a todos a ordem de… matar o seu gato.

Está a descrever um cenário totalmente nazi...

Só que aqui ninguém estava a apontar uma espingarda à cabeça de ninguém para o obrigar a matar o gato. Seja como for, um dos participantes, uma mulher, adoeceu. Teve uma descompensação aguda e eu tive de tratá-la – foi assim que soube do caso. Mas os outros 14 mataram os seus gatos. O estágio era para aprender a ser impiedoso, uma aprendizagem do assédio. Penso que há bastantes empresas que recorrem a este tipo de formação – muitas empresas cujos quadros, responsáveis de recursos humanos, etc., são ensinados a comportar-se dessa maneira.

Voltando ao perfil do assediado, é perigoso acreditar realmente no seu trabalho?

É. O que vemos é que, hoje em dia, envolver-se demasiado no seu trabalho representa um verdadeiro perigo. Mas, ao mesmo tempo, não pode haver inteligência no trabalho sem envolvimento pessoal – sem um envolvimento total. Isso gera, aliás, um dilema terrível, nomeadamente em relação aos nossos filhos. As pessoas suicidam-se no trabalho, portanto não podemos dizer aos nossos filhos, como os nossos pais nos disseram a nós, que é graças ao trabalho que nos podemos emancipar e realizar-nos pessoalmente. Hoje, vemo-nos obrigados a dizer aos nossos filhos que é preciso trabalhar, mas não muito. É uma mensagem totalmente contraditória.

E os sindicatos?

Penso que os sindicatos foram em parte destruídos pela evolução da organização do trabalho. Não se opuseram à introdução dos novos métodos de avaliação. Mesmo os trabalhadores sindicalizados viram-se presos numa dinâmica em que aceitaram compromissos com a direcção. Em França, a sindicalização diminuiu imenso – as pessoas já não acreditam nos sindicatos porque conhecem as suas práticas desleais.

Como distinguir um suicídio ligado ao trabalho de um suicídio devido a outras causas?

É uma pergunta à qual nem sempre é possível responder. Hoje em dia, não somos capazes de esclarecer todos os suicídios no trabalho. Mas há casos em que é indiscutível que o que está em causa é o trabalho. Quando as pessoas se matam no local de trabalho, não há dúvida de que o trabalho está em causa. Quando o suicídio acontece fora do local de trabalho e a pessoa deixa cartas, um diário, onde explica por que se suicida, também não há dúvidas – são documentos aterradores. Mas quando as pessoas se suicidam fora do local do trabalho e não deixam uma nota, é muito complicado fazer a distinção. Porém, às vezes é possível. Um caso recente – e uma das minhas vitórias pessoais – foi julgado antes do Natal, em Paris. Foi um processo bastante longo contra a Renault por causa do suicídio de vários engenheiros e cientistas altamente qualificados que trabalhavam na concepção dos veículos, num centro de pesquisas da empresa em Guyancourt, perto de Paris.

Quando é que isso aconteceu?

Em 2006-2007. Houve cinco suicídios consecutivos; quatro atiraram-se do topo de umas escadas interiores, do quinto andar, à frente dos colegas, num local com muita passagem à hora do almoço. Mas um deles – aliás de origem portuguesa – não se suicidou no local do trabalho. Era muitíssimo utilizado pela Renault nas discussões e negociações sobre novos modelos e produção de peças no Brasil. Foi utilizado, explorado de forma aterradora. Pediam-lhe constantemente para ir ao Brasil e o homem estava exausto por causa da diferença horária. Era uma pessoa totalmente dedicada, tinha mesmo feito coisas sem ninguém lhe pedir, como traduzir documentos técnicos para português, para tentar ganhar o mercado brasileiro para a empresa. A dada altura, teve uma depressão bastante grave e acabou por se suicidar.

A viúva processou a Renault, que em Dezembro acabou por ser condenada por “falta imperdoável do empregador” [conceito do direito da segurança social em França], por não ter tomado as devidas precauções. Foi um acontecimento importante porque, pela primeira vez, uma grande multinacional foi condenada em virtude das suas práticas inadmissíveis. Os advogados do trabalho apoiaram-se muito nos resultados científicos do meu laboratório. O acórdão do tribunal tinha 25 páginas e as provas foram consideradas esmagadoras. Havia e-mails onde o engenheiro dizia que já não aguentava mais – e que a empresa fez desaparecer limpando o disco rígido do seu computador. Mas ele tinha cópias dos documentos no seu computador de casa. A argumentação foi imparável.

Mesmo assim, as empresas continuam a dizer que os suicídios dos seus funcionários têm a ver com a vida privada e não com o trabalho.

Toda a gente tem problemas pessoais. Portanto, quando alguém diz que uma pessoa se suicidou por razões pessoais, não está totalmente errado. Se procurarmos bem, vamos acabar por encontrar, na maioria dos casos, sinais precursores, sinais de fragilidade. Há quem já tenha estado doente, há quem tenha tido episódios depressivos no passado. É preciso fazer uma investigação muito aprofundada. Mas se a empresa pretender provar que a crise depressiva de uma pessoa se deve a problemas pessoais, vai ter de explicar por que é que, durante 10, 15, 20 anos, essa pessoa, apesar das suas fragilidades, funcionou bem no trabalho e não adoeceu.

Mas como é que o trabalho pode conduzir ao suicídio? Só acontece a pessoas com determinada vulnerabilidade?

Só muito recentemente é que percebi que uma pessoa podia ser levada ao suicídio sem que tivesse até ali apresentado qualquer sinal de vulnerabilidade psicopatológica. Fiquei extremamente surpreendido com um caso em especial, do qual não posso falar muito aqui, porque ainda não foi julgado, de uma mulher que se suicidou na sequência de um assédio no trabalho. A Polícia Judiciária [francesa] tinha interrogado os seus colegas de trabalho e, como a ordem vinha de um juiz, as pessoas falaram. Foram 40 depoimentos que descreviam a maneira como essa mulher tinha sido tratada pelo patrão (apenas uma contradiz as restantes 39). E o que emerge é que, devido ao assédio, ela caiu num estado psicopatológico muito parecido com um acesso de melancolia. Ora, o que mais me espantou, quando procurei sinais precursores, é que não encontrei absolutamente nada. E, pela primeira vez, comecei a pensar que, em certas situações, quando uma pessoa que não é melancólica é escolhida como alvo de assédio, é possível fabricar, desencadear, uma verdadeira depressão em tudo igual à melancolia. Quando essa pessoa se vai abaixo, tem uma depressão, autodesvaloriza-se, torna-se pessimista, pensa que não vale nada, que merece realmente morrer. Era uma mulher hiperbrilhante, muitíssimo apreciada, muito envolvida, imaginativa, produtiva. Tinha duas crianças óptimas e um marido excepcional. Falei com os seus amigos, o marido, a mãe. Não encontrei nenhum sinal precursor, nem sequer na sua infância.

Aconteceu sem pré-aviso?

Houve um período crítico que terá durado um mês. As pessoas à sua volta deram por isso. Viram que ela estava muito mal, o médico do trabalho foi avisado e obrigou-a a parar de trabalhar e pediu a alguém que a levasse para casa. Mas ela não queria parar, insistia que queria fazer o que tinha a fazer. A família também percebeu que algo estava a acontecer, ela consultou um psiquiatra, mas é impossível travar este tipo de descompensação. Foi para casa da mãe, mas quando pensaram que estava a melhorar um pouco, relaxaram a vigilância e ela atirou-se pela janela. Nos testemunhos recolhidos pela polícia, vê-se claramente que ninguém se atreveu a ajudá-la; todos dizem que tinham medo. Tinham medo do patrão, que era um tirano. Também assediava sexualmente as mulheres e esta mulher era muito bonita. Não consegui saber se tinha havido assédio sexual, mas várias pessoas evocam no seu depoimento que ela terá caído em desgraça porque se tinha recusado a fazer o que ele queria.

O caso da France Télécom foi muito mediático, com 25 suicídios. O suicídio é mais frequente nas grandes empresas?

Não. Nas grandes empresas pode ser mais visível, mas há também muitas pequenas empresas onde as coisas correm muito mal, onde os critérios são incrivelmente arbitrários e onde o assédio pode ser pior. Nas grandes empresas, subsiste por vezes uma presença sindical que faz com que os casos venham a público. Foi assim na France Télécom. Mas não acredito que a destruição actual do mundo do trabalho esteja a acontecer apenas nalgumas grandes multinacionais. E é importante salientar que também há multinacionais onde as coisas correm bem.

Quantas pessoas se suicidam por ano, em França e noutros países?

Não há estatísticas do suicídio no trabalho. Em França, foi constituída uma comissão ministerial onde pela primeira vez foi dito claramente que é urgente aplicar ferramentas que permitam analisar a relação entre suicídio e trabalho. Mas, por enquanto, isso não existe. Nem na Bélgica, nem no Canadá, nem nos Estados Unidos, não existe em sítio nenhum. Na Suécia, por exemplo, há provavelmente tantos suicídios no trabalho como em França. Mas não há debate. Em muitos países não há debate, porque não existe esse espaço clínico, essa nova medicina do trabalho que estamos a desenvolver em França. De facto, a França é dos sítios onde mais se fala do assunto. O debate francês interessa muita gente, mas também mete muito medo. Em França, foi feito um único inquérito, há quatro anos, pela Inspecção Médica do Trabalho, em três departamentos [divisões administrativas], passando pelos médicos do trabalho, e chegaram a um total de 50 suicídios em cinco anos. É provavelmente um valor subestimado, mas, extrapolando-o a todos os departamentos, dá entre 300 e 400 suicídios no trabalho por ano.

Falou de “qualidade total”. O que é exactamente?

É uma segunda medida que foi introduzida na sequência da avaliação individual. Acontece que, quando se faz a avaliação individual do desempenho, está-se a querer avaliar algo, o trabalho, que não é possível avaliar de forma quantitativa, objectiva, através de medições. Portanto, o que está a ser medido na avaliação não é o trabalho. No melhor dos casos, está-se a medir o resultado do trabalho. Mas isso não é a mesma coisa. Não existe uma relação de proporcionalidade entre o trabalho e o resultado do trabalho. É como se em vez de olhar para o conteúdo dos artigos de um jornalista, apenas se contasse o número de artigos que esse jornalista escreveu. Há quem escreva artigos todos os dias, mas enfim... é para contar que houve um acidente de viação ou outra coisa qualquer. Uma única entrevista, como esta por exemplo, demora muito mais tempo a escrever e, para fazer as coisas seriamente, vai implicar que o jornalista escreva entretanto menos artigos. Hoje em dia, julga-se os cientistas pelo número de artigos que publicam. Mas isso não reflecte o trabalho do cientista, que talvez esteja a fazer um trabalho difícil e não tenha publicado durante vários anos porque não conseguiu obter resultados.Passados uns tempos, surgem queixas a dizer que a qualidade [da produção ou do serviço] está a degradar-se. Então, para além das avaliações, os gestores começam a controlar a qualidade e declaram como objectivo a “qualidade total”. Não conhecem os ofícios, mas vão definir pontos de controlo da qualidade. É verdadeiramente alucinante.Para além de que declarar a qualidade total é catastrófico, justamente porque a qualidade total é um ideal. É importante ter o ideal da qualidade total, ter o ideal do “zero-defeitos”, do “zero-acidentes”, mas apenas como ideal. Em diabetologia, por exemplo, os gestores introduziram a obrigação de os médicos fazerem, para cada um dos seus doentes, ao longo de três meses, a média dos níveis de hemoglobina glicosilada A1c [ri-se], que é um indicador da concentração de açúcar no sangue. A seguir, comparam entre si os grupos de doentes de cada médico – é assim que controlam a qualidade dos cuidados médicos. [ri-se].Só que, na realidade, quando tratamos um doente, às vezes o tratamento não funciona e temos de perceber porquê. E finalmente, o doente acaba por nos confessar que não consegue respeitar o regime alimentar que lhe prescrevemos, porque inclui legumes e não féculas e que os legumes são mais caros... Tem três filhos e não tem dinheiro para legumes. E então, vamos ter de encontrar um compromisso.Da mesma forma, se um doente diabético é engenheiro e tem de viajar frequentemente para outros fusos horários, torna-se muito difícil controlar a sua glicemia com insulina. Mais uma vez, vai ser preciso encontrar um meio-termo. E isso é difícil.Mesmo uma central nuclear nunca funciona como previsto. Nunca. Por isso é que precisamos de “trabalho vivo”. A qualidade total é um contra-senso porque a realidade se encarrega de fazer com que as coisas não funcionem de forma ideal. Mas o gestor não quer ouvir falar disso. Ora, quando o ideal se transforma na condição para obter uma certificação, o que acontece é que se está a obrigar toda a gente a dissimular o que realmente se passa no trabalho. Deixa de ser possível falar do que não funciona, das dificuldades encontradas. Quando há um incidente numa central nuclear, o melhor é não dizer nada.

Isso é extremamente grave.

É. E em medicina passa-se a mesma coisa. Faz-se batota. Hoje, existem nos hospitais as chamadas “conferências de consenso” – acho que existem em toda a Europa – onde são feitas recomendações precisas para o tratamento de tal ou tal doença. E quando um médico recebe um doente, tem de teclar no computador para ver o que foi estabelecido pela conferência de consenso. O médico, que tem o doente à sua frente, pensa que essa não é a boa abordagem – porque sabe que o doente tem problemas com a mulher, com os filhos e não vai conseguir fazer o tratamento recomendado. Mas sabe também que se não fizer o que está lá escrito, e se por acaso as coisas derem para o torto, poderá haver um inquérito, a pedido da família ou de um gestor, e vão dizer que foi o médico que não fez o que devia. O problema da qualidade total é que obriga muitos de nós a viver essa experiência atroz que consiste em fazer o nosso trabalho de uma forma que nos envergonha.

Há muitos suicídios entre os médicos?

Cada vez mais. Há especialidades com mais suicídios do que outras – nomeadamente entre os médicos reanimadores. Em França é uma verdadeira hecatombe: é sabido que a profissão de anestesista-reanimador é das que têm maior taxa de suicídios. Nesta especialidade, os riscos de ser-se atacado em tribunal porque alguém morreu são tão elevados que os médicos se protegem seguindo as instruções. Mesmo que tenham a íntima convicção de que não era isso que deveriam fazer. Chegámos a esse ponto.É uma situação insuportável e há médicos que não aguentam ver um doente morrer porque tiveram medo de que isso se virasse contra eles. “Fiz o que estava escrito e o doente morreu. Matei o doente.” Há cada vez mais reanimadores que se confrontam com esta situação. Ainda por cima os cirurgiões atiram sempre as dificuldades que encontram nas operações para cima do reanimador. Sempre. Cada vez que acontece qualquer coisa, é porque o anestesista não adormeceu bem o doente, ou não o acordou correctamente, ou não soube restabelecer a pressão arterial. O cirurgião nunca admitirá que falhou nas suturas e que por isso o doente se esvaiu em sangue.

Os médicos sempre foram considerados uma classe muito solidária…

Foram. Já não são. Eu trabalhei anos nos hospitais, e adorava trabalhar lá, porque existia um espírito de equipa fantástico. Éramos felizes no nosso trabalho. Hoje, as pessoas não querem trabalhar nos hospitais, não querem fazer bancos, tentam safar-se. São todos contra todos. Bastaram uns anos para destruir a solidariedade no hospital. O que aconteceu é aterrador.O que é importante perceber é que a destruição dos elos sociais no trabalho pelos gestores nos fragiliza a todos perante a doença mental. E é por isso que as pessoas se suicidam. Não quer dizer que o sofrimento seja maior do que no passado; são as nossas defesas que deixaram de funcionar.

Portanto, as ferramentas de gestão são na realidade ferramentas de repressão, de dominação pelo medo.

Sim, o termo exacto é dominação; são técnicas de dominação.

Então, é preciso acabar com essas práticas?

Eu não diria que é preciso acabar com tudo. Acho que não devemos renunciar à avaliação, incluindo a individual. Mas é preciso renunciar a certas técnicas. Em particular, tudo o que é quantitativo e objectivo é falso e é preciso acabar com isso. Mas há avaliações que não são quantitativas e objectivas – a avaliação dos pares, da colectividade, a avaliação da beleza, da elegância de um trabalho, do facto de ser conforme às regras profissionais. Trata-se de avaliações assentes na qualidade e no desempenho do ofício. Mesmo a entrevista de avaliação pode ser interessante e as pessoas não são contra. Mas sobretudo, a avaliação não deve ser apenas individual. É extremamente importante começar a concentrar os esforços na avaliação do trabalho colectivo e nomeadamente da cooperação, do contributo de cada um. Mas como não sabemos analisar a cooperação, analisa-se somente o desempenho individual.O resultado é desastroso. Não é verdade que a qualidade da produção melhorou. A General Motors foi obrigada a alertar o mundo da má qualidade dos seus pneus; a Toyota teve de trocar um milhão de veículos por veículos novos ou reembolsar os clientes porque descobriu um defeito de fabrico. É essa a qualidade total japonesa?Hoje, nos hospitais em França, a qualidade do trabalho não aumentou – diminui. O desempenho supostamente melhorou, mas isso não é verdade, porque não se toma em conta o que está a acontecer do lado do trabalho colectivo.Temos de aprender a pensar o trabalho colectivo, de desenvolver métodos para o analisar, avaliar – para o cultivar. A riqueza do trabalho está aí, no trabalho colectivo como cooperação, como maneira de viver juntos. Se conseguirmos salvar isso no trabalho, ficamos com o melhor, aprendemos a respeitar os outros, a evitar a violência, aprendemos a falar, a defender o nosso ponto de vista e a ouvir o dos outros.

Não haverá por detrás desta nova organização do trabalho objectivos de controlo das pessoas, de redução da liberdade individual, que extravasam o âmbito empresarial?

É uma questão difícil. Acho que qualquer método de organização do trabalho é ao mesmo tempo um método de dominação. Não é possível dissociar as duas coisas. Há 40 anos que os sociólogos trabalham nisto. Todos os métodos de organização do trabalho visam uma divisão das tarefas, por razões técnicas, de racionalidade, de gestão. Mas não há nenhuma divisão técnica do trabalho que não venha acompanhada de um sistema de controlo, em virtude do qual as pessoas vão cumprir as ordens.Há tecnologias da dominação. O sistema de Taylor, ou taylorismo, é essencialmente um método de dominação e não um método de trabalho. O método de Ford é um método de trabalho.Contudo, não penso que a intenção do patronato (francês, em particular), nem dos homens de Estado seja instaurar o totalitarismo. Mas é indubitável que introduzem métodos de dominação, através da organização do trabalho que, de facto, destroem o mundo social.

Qual é a diferença entre taylorismo e fordismo?

Taylor inventou a divisão das tarefas entre as pessoas e a interposição, entre cada tarefa, de uma intervenção da direcção, através de um capataz. Há constantemente alguém a vigiar e a exigir obediência ao trabalhador. A palavra-chave é obediência. “Quando eu disser para parar de trabalhar e ir comer qualquer coisa, você vai obedecer. Se concordar, será pago mais 50 cêntimos pela sua obediência.” A única coisa que importa é a obediência. O objectivo é acabar com o ócio, os tempos mortos.Só muito mais tarde é que Ford introduziu uma nova técnica, a linha de montagem, que é uma aplicação do taylorismo. Na realidade, não é o progresso tecnológico que determina a transformação das relações sociais, mas a transformação das relações de dominação que abre o caminho a novas tecnologias. O toyotismo [ou Sistema Toyota de Produção] utiliza um outro método de dominação, o ohnismo [inventado por Taiichi Ohno (1912-1990)], diferente do taylorismo. É um método particular que extrai a inteligência das pessoas de uma forma muito mais subtil que o taylorismo, que apenas estipula que há pessoas que têm de obedecer e outras que mandam.No ohnismo, trata-se de fazer com que pessoas beneficiem a empresa oferecendo a sua inteligência e os conhecimentos adquiridos através da experiência. Para o fazer, nos anos 1980, introduziu-se algo de totalmente novo: os chamados “círculos de qualidade”.O sistema japonês foi realmente uma novidade em relação ao taylorismo, porque ensinou as pessoas a colaborar sem as obrigar a obedecer – dando-lhes prémios, pelo contrário. Quando uma sugestão de uma pessoa dá lucro, a empresa faz o cálculo do dinheiro que a empresa ganhou com a ideia e reverte para o trabalhador uma parte desse lucro. Trata-se de prémios substanciais. Mas há uma batota: os círculos de qualidade podiam durar horas, todos os dias, reunindo as pessoas a seguir ao trabalho para alimentar a caixinha das ideias. Todos se envolviam porque, por um lado, uma ideia que permitisse melhorar a produção valia-lhes chorudos prémios, mas também porque quem participava neles tinha um emprego vitalício garantido na empresa.O sistema foi exportado para a Europa, os EUA, etc. porque durante uns tempos, a qualidade melhorou de facto. Mas a dada altura, as pessoas no Japão trabalhavam tanto que começou a haver mortes por karōshi [literalmente “morte por excesso de trabalho”].

O que é o karōshi?

É uma morte súbita, geralmente por hemorragia cerebral (AVC), de pessoas novas que não apresentam qualquer factor de risco cardiovascular. Não são obesos, não sofrem de hipertensão, não têm níveis de colesterol elevados, não são diabéticos, não fumam, não são alcoólicos, não tem uma história familiar de AVC. Nada. A único factor que é possível detectar é o excesso de trabalho. Estas pessoas trabalham mais de 70 horas por semana, sem contar as horas passadas nos círculos de qualidade. Ou seja, são pessoas que estão literalmente sempre a trabalhar. Mal param de trabalhar, vão dormir. As descrições de colegas que foram fazer inquéritos no Japão são aterrorizadoras.O mundo do trabalho no Japão é alucinante. Há raparigas que entram nas fábricas de electrónica, por exemplo, e que são utilizadas entre os 18 e os 21 anos – porque aos 21 anos, já não conseguem aguentar as cadências de trabalho.As famílias confiam-nas às empresas por esses três anos, durante os quais elas se entregam de corpo e alma ao trabalho. E nalguns casos, a empresa compromete-se a casar a rapariga no fim dos três anos. É mesmo um sistema totalitário. E mais: essas jovens trabalham 12 a 14 horas por dia e depois vão para uns dormitórios onde há uma série de gavetões – cada um com cama e um colchão –, deitam-se na cama e fecha-se o gavetão. Dormem assim, empilhadas em gavetões. Três anos… em gavetões… é preciso ver para crer.

Mas uma coisa destas não é aplicável na Europa.

Não, pelo menos em França nunca funcionaria. Ainda não chegámos lá, disso tenho a certeza.

Mas acha que poderia acontecer?

Sim, acho que poderíamos lá chegar. Tudo é possível. Mas ao contrário do que se diz, não há uma fatalidade, não é a mundialização que determina as coisas, não é a guerra económica. É perfeitamente possível, no contexto actual, trabalhar de outra maneira, e há empresas que o fazem, com uma verdadeira preocupação de preservar o “viver juntos”, para tentar encontrar alternativas à abordagem puramente de gestão. O que não impede que a tendência seja para a desestruturação um pouco por todo o lado.

É difícil resistir-lhe.Uma empresa que defendesse os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade conseguiria sobreviver no actual contexto de mercado?

Hoje, estou em condições de responder pela afirmativa, porque tenho trabalhado com algumas empresas assim. Ao contrário do que se pensa, certas empresas e alguns patrões não participam do cinismo geral e pensam que a empresa não é só uma máquina de produzir e de ganhar dinheiro, mas também que há qualquer coisa de nobre na produção, que não pode ser posta de lado. Um exemplo fácil de perceber são os serviços públicos, cuja ética é permitir que os pobres sejam tão bem servidos como os ricos – que tenham aquecimento, telefone, electricidade. É possível, portanto, trabalhar no sentido da igualdade. Há também muita gente que acha que produz coisas boas – os aviões, por exemplo, são coisas belas, são um sucesso tecnológico, podem progredir no sentido da protecção do ambiente. O lucro não é a única preocupação destas pessoas. E, entre os empresários, há pessoas assim – não muitas, mas há. Pessoas muito instruídas que respeitam esse aspecto nobre. E, na sequência das histórias de suicídios, alguns desses empresários vieram ter comigo porque queriam repensar a avaliação do desempenho. Comecei a trabalhar com eles e está a dar resultados positivos.

O que fizeram?

Abandonaram a avaliação individual – aliás, esses patrões estavam totalmente fartos dela. Durante um encontro que tive com o presidente de uma das empresas, ele confessou-me, após um longo momento de reflexão, que o que mais odiava no seu trabalho era ter de fazer a avaliação dos seus subordinados e que essa era a altura mais infernal do ano. Surpreendente, não? E a razão que me deu foi que a avaliação individual não ajuda a resolver os problemas da empresa. Pelo contrário, agrava as coisas. Neste caso, trata-se de uma pequena empresa privada que se preocupa com a qualidade da sua produção e não apenas por razões monetárias, mas por questões de bem-estar e convivialidade do consumidor final. O resultado é que pensar em termos de convivialidade faz melhorar a qualidade da produção e fará com que a empresa seja escolhida pelos clientes face a outras do mesmo ramo. Para o conseguir, foi preciso que existisse cooperação dentro da empresa, sinergias entre as pessoas e que os pontos de vista contraditórios pudessem ser discutidos. E isso só é possível num ambiente de confiança mútua, de lealdade, onde ninguém tem medo de arriscar falar alto. Se conseguirmos mostrar cientificamente, numa ou duas empresas com grande visibilidade, que este tipo de organização do trabalho funciona, teremos dado um grande passo em frente

Homossexuais têm mais tendência ao suicídio



Pesquisa americana revela a importância da família na vida dos homossexuais.

A pesquisa feita na Califórnia, em uma universidade, revelou o quanto a aceitação da família pode ser importante para um adoslescente homossexual. Segundo o estudo, adolescentes rejeitados pela opção sexual, têm oito vezes mais chances de se matarem e três mais de se drogarem em relação aos que recebem o apoio familiar.
O estudo que custou US$ 4 milhões, também mostrou que um terço dos pais reagem negativamente quando recebem a notícia. 50% se mostram indiferentes, mas prefeririam que sua filha ou filho fosse heterossexual. E o restante recebem bem a notícia desde o início.
E as tendências não param por ai. Caitlin Ryan, autora do trabalho, acrescentou dizendo que um adoslescente que não recebeu o apoio familiar, pode ter até seis vezes mais possibilidades de adquirir uma depressão e três vezes mais de infectar-se por HIV, entre outras doenças sexualmente transmissíveis.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Menina índia de 11 anos é mais uma vítima de suicídio em MS

Uma menina indígena de apenas 11 anos foi uma das últimas vítimas de um problema antigo que assola Mato Grosso do Sul: o suicídio de indígenas.
Segundo informações do site A Gazeta News, o caso da menina de 11 anos aconteceu na Aldeia Limão Verde, em Amambai, quando na terça-feira, ela foi encontrada já morta amarrada em um galho de árvore. Para cometer o suicídio, ela usou a alça da sua mochila.
De acordo com a família da menina, ela estava desaparecida desde sexta-feira (28) e o seu corpo foi achado por populares nesta terça-feira. A Polícia Civil informou que a jovem costumava consumir bebida alcoólica e há dias andava depressiva.
O autoextermínio dos indígenas é um velho problema do Estado e que preocupa autoridades nacionais. Em Março deste ano, representantes do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) nacional, vinculado à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) estiveram em Mato Grosso do Sul para tratar da questão indígena.
Na ocasião, o presidente do CIMI, Erwin Krautler, disse que a situação dos indígenas em Mato Grosso do Sul é muito preocupante, já que dos 19 suicídios de indígenas no Brasil, todos foram no Estado.
Segundo ele, as autoridades do Estado são omissas quando se fala da questão indígena. “Para um Estado que se denomina agropecuário, é claro que não irão se importar com as questões indígenas”, afirmou.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Suicídio na Foxconn - China

Apple investiga suicídios de funcionários da Foxconn26/05/2010 às 09h08 por Thássius Veloso
De acordo com o Wall Street Journal, principal periódico econômico da atualidade, a Apple está em constantes contatos com a diretoria da Foxconn, a fim de descobrir o que está levando tantos funcionários da companhia a se suicidarem num curto período de tempo. Pela primeira vez, a empresa liderada por Steve Jobs demonstrou alguma preocupação com relação aos casos específicos ocorridos na Foxconn (Hon Hai Precision Industry Co. na razão social).
“Nós estamos entristecidos e chateados com os suicídios recentes na Foxxcon. A Apple está profundamente comprometida em assegurar que as condições na nossa cadeia de fornecedores sejam seguras e os trabalhores sejam tratados com respeito e dignidade.”, afirmou a Apple em comunicado.
Infelizmente não é isso o que nós vemos: já publicamos aqui no Tecnoblog um vídeo que mostra vigias da fábrica da Foxconn espancando os funcionários. Um repórter do Suthen Weekly relata que os empregados da empresa chegam a trabalhar 12 horas por dia, praticamente sem períodos de descanso e com salário na casa dos US$ 130 (cerca de R$ 240).

Homossexualidades,homofobia e tentativas de suicídio em adolescentes LGBT



Fernando Silva Teixeira-Filho2; Carina Alexandra Rondini Marretto

Introdução
Os estudos sobre as homossexualidades não desconsideram as implicações da homofobia
na construção das identidades de gênero4 e sua relação com os pensamentos e tentativas de suicídio entre adolescentes ditos lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual ou transgêneros (LBGT).
A histórica naturalização da heterossexualidade como referência à normalidade do comportamento e identidade sexual, também conhecida como heteronormatividade (BUTLER,
20003; RICH, 1999), favorece a emergência e reforça as relações machistas entre os gêneros
(WELZER-LANG, 2001). Segundo Castañeda (2006, p. 18), o machismo “pode ser definido como
um conjunto de crenças, atitudes e condutas que repousam sobre duas idéias básicas: por um lado, a polarização dos sexos, isto é, uma contraposição do masculino e do feminino segundo a qual são não apenas diferentes, mas mutuamente excludentes; por outro, a superioridade do masculino nas áreas que os homens consideram importantes. Assim, o machismo engloba uma série de definições sobre o que significa ser homem e ser mulher, bem como toda uma forma de vida baseada nele”.
Tal superioridade é o que legitima a violência contra a mulher e/ou ao feminino que se atualiza no corpo masculino (ARILHA, 1998; BALDERSTON, 1997; CÁCERES et al, 2002; CECCHETTO, 2004; KIMMEL, 1998). Desses dois processos derivam, portanto, os processos de estigmatização em relação às identidades ditas não heterossexuais, que aqui chamaremos de homofobia.
Por homofobia5, entendemos o descrédito, a opressão, a violência em relação aos homossexuais ou àqueles que são presumidos serem (BORRILLO, 2000; ERIBON &
HABOURY,2003).
A homofobia pode se manifestar tanto a partir da própria pessoa homossexual em relação a si própria, às outras pessoas homossexuais ou a tudo que fizer referência à homossexualidade em si ou nos outros, como também poderá partir de pessoas não homossexuais em relação à pessoa homossexual ou a tudo aquilo que remeta à homossexualidade (ERIBON,
1999)6.
A homofobia aparece como uma defesa psíquica e social que visa afastar todo e qualquer
questionamento ou desestabilização da heteronormatividade, fundando, assim, bases para a
construção do masculino (CONNELL, 1995; 1997; 1998) e opressão, rejeição e exclusão à tudo que diverge à essa normativa. Por força da quantidade e qualidade desta opressão, aqueles ou aquelas que enfrentam o heterosexismo/machismo, em geral, são oprimidos, rejeitados e excluídos de muitos direitos e, ao que parece, quando se trata de enfrentar essa opressão na adolescência, em muitos casos, os efeitos podem ser o aparecimento de pensamentos e tentativas de suicídio (D’AUGELLI, 2001 et al; STURBIN, 1998; SAVIN-WILLIANS, 2005).
A partir dessas conseqüências, nós nos perguntamos se o adolescente homossexual está
mais ou menos vulnerável comparativamente ao adolescente heterossexual em relação ao risco de suicídio? Esse projeto foi desenvolvido, portanto, na tentativa de responder a essa questão.
População-alvo Os dados aqui apresentados dizem respeito ao estudo piloto realizado em 14 de maio de 2008 em uma escola pública de Ensino Fundamental e Médio de uma cidade do interior do Oeste Paulista (Ourinhos). O projeto foi aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNESP, Campus de Assis e está em acordo com as normas da resolução 196/96 do CONEP/MS.
Participaram do estudo, 108 estudantes, sendo 52 (48%) do sexo masculino e 55 (51%) do
sexo feminino. A todos/as solicitamos o preenchimento de um questionário anônimo contendo 140 questões. Apenas o questionário de um participante, do sexo masculino foi desprezado, pois o mesmo não o preencheu completamente. Dentre os questionários válidos, 99 (91,7%) dos
respondentes se declararam heterossexuais, sendo que 1 (0.92%) se declarou gay, 1 (0.92%) disse ser lésbica, 2 (1.85%) recusaram-se a se definir, 2 (1.85%) disseram não saber; e 2 (1.85%)
assinalaram “outras”7.
Por se tratar de um estudo que necessita de respondentes LGBT para responder à sua
hipótese inicial, imaginamos que precisássemos de mais questionários para o estudo piloto.
Entretanto, como apontam alguns estudos (TAQUETTE et al, 2005; REMAFEDI, 1995, 1998;
SAVIN-WILLIAMS, 2005) revelar ter tido práticas homoeróticas, ainda que por questionário
anônimo, é fator inibidor. Autores como Verdier & Firdion (2003), Warren J. Blumenfeld8 e
Castañeda (2007, p.91) apontam que a opressão homofóbica impede que os jovens LGBT (e as
pessoas ao seu redor) realizem o “luto da heterossexualidade” não alcançada. Nesse caso, portanto, a pouca presença de jovens que se afirmaram LGBT na coleta de dados, talvez se explique também porque alguns deles ainda estejam a fazer o luto da heterossexualidade, pois sabemos que nem a orientação homossexual e nem a identidade de gênero LGBT são aceitas socialmente e, nesse caso, os(as) adolescentes homossexuais são forçados a serem invisíveis nos espaços que circulam (COSTA, 1992, 1998; CLAUZARD, 2002): a escola, a família, os clubes recreativos etc. e, portanto, o(a) adolescente LGBT, em muitos casos, fingem ser o que não são para serem aceitos 3 (CASTAÑEDA, 2007, pp.91-92). Por conta disso, portanto, segundo essa autora (2007, p. 83), o processo de “tomada de consciência/construção” da identidade gay dura, em média, aproximadamente quinze anos desde a descoberta dos desejos homoeróticos que ocorrem por volta dos treze anos de idade. Todavia, é claro, ressaltamos que para se realizar afirmações com maior segurança, seria necessário no mínimo que, dentre os 108 participantes, tivéssemos tido, pelo menos, a presença de 6 respondentes assumidamente LGBT, o que nos daria uma margem de 6% e isso nos deixaria em acordo com os recentes estudos sobre essa população (BARBOSA & KOYAMA, 2006), que
questionam os índices conseguidos por Kinsey em 1945 de 10%. De todo o modo, para fins dos
objetivos específicos desse estudo, o quantitativo alcançado pelo estudo piloto será suficiente para respondermos a alguns deles. Relação entre homofobia e suicídio
Baseando-se em diversas pesquisas sobre suicídio no mundo, ARENALES et al (2005),
apontam que entre os/as adolescentes as taxas de suicídio nesse grupo triplicaram entre os anos 50 e os anos 80, estabilizando-se em seguida. Nessa pesquisa os autores apontam ainda que nos Estados Unidos o suicídio é a 3ª causa de morte dos indivíduos entre 15 e 24 anos. Já no Brasil, de 26 a 30% dos suicídios ocorrem em indivíduos de até 24 anos. A pesquisa realizada por SOUZA et al. (2002) nas capitais das nove regiões metropolitanas brasileiras aponta o suicídio como a 6ª causa entre os óbitos de jovens de 15 a 24 anos.
ZWAHR-CASTRO (2005) destaca que os pensamentos sobre suicídio são ainda mais
comuns (especialmente entre pessoas do sexo feminino), do que as tentativas ou os suicídios bem
sucedidos, cujos índices mais elevados encontram-se junto aos homens (86% em homens de 15 a 24 anos de idade). Essa pesquisa indica que entre 19 e 54% dos jovens americanos já consideraram o suicídio, e que de 3 a 4% pensaram em cometer suicídio na semana anterior. Felizmente, menos de 25% dos adolescentes que consideram o suicídio o tentaram.
No que tange à orientação sexual, inúmeros estudos mostram que a taxa de suicídios é
elevada entre os adolescentes LGBT (O’CONOR, 1995; REMAFEDI, 1991; 1995). Nos Estados
Unidos, os jovens homossexuais (de ambos os sexos) representam um terço de todos os suicídios
juvenis (enquanto os homossexuais constituem no máximo 5 ou 6% da população). Dados de 2001 apontam que o suicídio é a 11ª causa do ranking de mortes nos Estados Unidos, mas a terceira causa de morte entre jovens das idades entre 15 a 24 anos (RUSSELL. & JOYNER, 2001). Nessa pesquisa, os/as estudantes homossexuais e bissexuais compreendiam 4,5 a 9% do total entre 4 alunos/as de ensino médio (high school). O relatório da Secretaria da Força Tarefa (GIBSON, 1989) do suicídio juvenil do Governo dos Estados Unidos, revelou que os jovens gays são de duas a três vezes mais propensos a tentar o suicídio comparativamente aos jovens heterossexuais e compreendem o total de 30% anual de suicídios juvenis. Utilizando-se de uma amostra de 4.159 estudantes do 9º ao 12º ciclos por amostragem ao acaso no Estado de Massachusetts, GAROFALO et al (1998), tomou uma grande amostra de 104 estudantes que se identificaram como gays, lésbicas, ou bissexuais, representando, portanto, 2,5% da população. Nesse estudo, houve uma diferença estatística significante entre a porcentagem de tentativas de suicídio feitas pelos estudantes LGBT: 35,3%, e os estudantes heterossexuais, 9,9%. TAMAM et AL (2001) confirmam essa tendência (3:1) apontando que o suicídio entre homossexuais, particularmente entre adolescentes e jovens adultos, tem sido considerado alto nos últimos 25 anos. O Psicosite 9 relata uma pesquisa que se utilizou de uma amostra composta por 103 pares de irmãos gêmeos do sexo masculino. Foram investigados quatro fatores de risco ao suicídio: pensamentos sobre a própria morte, desejo de morrer, pensamentos sobre cometer suicídio e tentativa de suicídio. O artigo conclui dizendo que a orientação homossexual está significativamente relacionada aos sintomas ligados ao suicídio, em comparação com os irmãos heterossexuais, constatando um aumento significativo do risco de suicídio entre os homossexuais masculinos, independente do uso abusivo de substâncias psicoativas e outros transtornos psiquiátricos. Em nosso estudo, apenas 4 (3.70%) dentre os 108 participantes não responderam à questão 78 que interroga sobre já ter pensado em se matar. Entretanto, dos respondentes, temos o dado de que 25 (24%) já pensaram em se matar. Dentre esses, 6 (24%) ainda pensam em se matar e 17 (65%) já não pensam mais (2 não responderam). Dentre os que já pensaram em se matar (N=25), temos que 8 (32%) já tentaram e 16 (64%) nunca tentaram. Entre os 8 (32% em 25) que já pensaram e tentaram se matar, 2 (25 %) são do sexo masculino e 6 (75%) do sexo feminino. E, dentre eles, 7 (87,5%) se definiram heterossexuais e 1 (12,5%) “outras”.
Nesse caso, como nos estudos citados, as adolescentes do sexo feminino foram as que
mais pensaram e tentaram se matar, tendo todas, entretanto, se auto-definido heterossexuais.
Conclusão Embora nossos dados, até o momento, não nos permitam concluir sobre a relação entre homofobia vivida por adolescentes LGBT e pensamentos e tentativas de suicídio, eles apontam para um sério problema que é o alto índice desse fenômeno entre a população de jovens que se dizem heterossexuais. Diferentemente dos estudos empreendidos no exterior, encontramos que é 5 significativo o número de casos de jovens heterossexuais que já pensaram e tentaram atentar contra a própria vida. O estudo, infelizmente, não nos permite perceber a quê esse comportamento estaria relacionado. Novos estudos precisariam ser desenvolvidos na tentativa de verificarmos as relações aí contidas. De qualquer modo, a pesquisa segue seu curso e a próxima amostra prevê a participação de 6.000 adolescentes.
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2005.
Notas de fim
1 Colaboradoras/es: Arilda Inês Miranda Ribeiro; Maria Laura Nogueira Pires; Fernando Seffner; Stella Regina
Taquette; Moisés Alessandro de Souza Lopes; Élcio Nogueira dos Santos; Regina Facchini; Luiz Ramires Neto; Lívia
Gonsalves Toledo.
2 Coordenador da pesquisa – Prof. Assistente Doutor junto ao Departamento de Psicologia Clínica da UNESP, Assis,
SP
3 Vice-coordenadora da pesquisa – Profa. Assistente Doutora junto ao Departamento de Psicologia Experimental e do
Trabalho da UNESP, Assis, SP
4 Para fins deste projeto entendemos gênero como a manifestação social do sexo biológico, englobando, portanto, os
papéis sexuais (o que se espera socialmente de homens e mulheres) e as identidades sexuais (os processos de assumpção
política e psíquica de uma identidade social para nomear a orientação do desejo dentro do repertório disponível no
contexto social e histórico no qual o indivíduo está inserido). Cf. RAGO, Margareth (1998). Descobrindo
historicamente o gênero. Cadernos Pagu. Trajetórias do gênero, masculinidades. Pagu – Núcleo de Estudos de Gênero.
Unicamp: Campinas, 11.
8
5 Segundo Louis-George Tin (Dictionnaire de l’homophobie. Paris : PUF, 2003), o termo aparece pela primeira vez já
nos anos 60, mas oficialmente, foi empregado pelo psicólogo K. T. SMITH em 1971 em seu artigo “Homophobia: A
tentative personality profile” (Psychological report, n. 29, 1971). Desde então, esse conceito é empregado para
significar um processo específico de violência física, simbólica ou social contra as pessoas homossexuais masculinas,
femininas, travestis, transexuais e transgêneros.
6 Na I Conferência Nacional LGBT, ocorrida de 05 a 08 de julho de 2008, representantes do movimento LGBT
brasileiro problematizaram a utilização do conceito homofobia acreditando que o mesmo não dê conta das
especificidades de violência que cada identidade de gênero sofre. Nesse sentido, têm preferido utilizar os conceitos de
gayfobia, lesbofobia e transfobia (que engloba a violência sofrida por travestis, transexuais e transgêneros). Nesse caso,
como aponta Carmen Luiz, da Liga Brasileira de Lésbicas, uma mulher lésbica é “penalizada duplamente”: por ser
mulher e por ser lésbica, diferentemente de um homem gay que não sofre por ser homem, mas por ser gay (Cf.
http://video.google.com/videoplay?docid=-7379063015842645906&hl=en).
7 As duas opções assinaladas como “outras” foram de um menino que escreveu “eu sou homem” e uma menina que
escreveu “feminino”. Disso, podemos inferir que ambos não compreenderam a questão.
8 Retirado da Internet: http://homofobia.com.sapo.pt/internalizada.html . Traduzido de “Internalized homophobia: from
denial to action – An Interactive workshop”. Consulta realizada em 6 de julho de 2005.
9 Dados retirados da Internet em 25 de junho de 2005, no site: http://www.psicosite.com.br/tex/out/out034.htm. Última
Atualização 14-10-2004. Referência Biblio.: Arch Gen psychiatry 1999; 56: 867-874.